Os Campeonatos Mundiais de base terminaram com o vôlei do Brasil fora da “elite”. As Seleções Brasileiras não estiveram em nenhuma das quatro semifinais, com o quinto lugar sendo a melhor posição alcançada. Algo ruim, preocupante e com necessidade imediata de ação por parte da CBV e das federações estaduais.
O sinal de alerta já estava ligado antes dos Mundiais. Os clubes, mesmo antes da pandemia, já reclamavam da falta de competições para a base. Com a covid, o cenário piorou. Os jovens atletas do Brasil jogam cada vez menos. A diminuição de orçamento da CBV também minimizou o intercâmbio internacional. O reflexo é enfrentar cada vez menos os europeus, dominantes nos pódios dos Mundiais (veja mais abaixo). Some-se a isso o número cada vez menor de clubes com projetos de base ativos, com peneiras minguando país afora.
Não é uma equação de fácil resolução. Mas a tentativa de resolvê-la por parte da CBV deve começar com urgência, olhando para os problemas internos, admitindo erros e tendo humildade para olhar para fora na tentativa de achar saídas. Existem bons trabalhos sendo feitos por outros países e, se preciso, “colar” não é reprovável neste caso.
Vejam o caso da Itália. Campeã europeia no masculino e no feminino com as seleções adultas em setembro, a Azzurra esteve presente em três das quatro finais dos Mundiais de base neste ano: levou dois títulos e um vice. Por lá, o Club Itália é um projeto bem-sucedido de formação, juntando talentos em um time para dar o apoio decisivo na transição da base para o profissional.
Agir agora no Brasil é necessário já pensando no impacto do atual trabalho da base nos Jogos Olímpicos de 2028 e 2032. Problemas com as categorias infanto e juvenil refletirão diretamente nas Seleções adultas, a “galinha dos ovos de ouro” da CBV nos contratos de patrocínio e decisivas para o funcionamento de todo o ecossistema da modalidade no país. Em resumo: pensar na base de hoje é tentar multiplicar a criação de mais exemplos como Ana Cristina, Artur Bento, Adriano, entre outros. São eles que estarão vestindo a camisa verde-amarela nas próximas edições olímpicas, com a responsabilidade de manter a modalidade no topo.
OS MUNDIAIS DE BASE EM 2021
Sub-18 feminino
Ouro: Rússia
Prata: Itália
Bronze: Estados Unidos
Quinto lugar: Brasil
Sub-19 masculino
Ouro: Polônia
Prata: Bulgária
Bronze: Irã
Sétimo lugar: Brasil
Sub-20 feminino
Ouro: Itália
Prata: Sérvia
Bronze: Rússia
Sétimo lugar: Brasil
Sub-21 masculino
Ouro: Itália
Prata: Rússia
Bronze: Polônia
Sétimo lugar: Brasil
Por Daniel Bortoletto