O técnico Lucas Palermo era só felicidade após a conquista de medalha de ouro de Duda e Ana Patrícia nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, na noite desta sexta-feira (9/8). Ele admitiu que a ficha ainda não havia caído. O profissional contou ao Web Vôlei como foram as horas que antecederam a partida decisiva na competição, que terminou com vitória sobre as canadenses Melissa e Brandie por 2 a 0, e revelou bastidores da campanha.
– A Patrícia está virada. Ela não dormiu em nenhum momento depois da semifinal. Eu consegui dormir 6h da manhã, aí acordei às 8h para estudar, nós estudamos das 8h até as 14h da tarde, Aí eu não estava mais aguentando, aí fui dar uma descansada, até as 16h, aí 17h já entramos pra fazer a preleção com as meninas. É difícil, e a sequência é diferente, né? A gente vinha de um jogo, um dia de folga, um jogo, folga. Aí tivemos, entre as oitavas de fase de grupo, três dias seguidos – falou Palermo, ainda em êxtase após o feito da parceria, ao ser perguntado sobre o sentimento naquele momento depois da conquista do ouro em Paris.
– Não consigo definir. Não sei onde eu estou, não sei o que eu estou sentindo. Só sei que eu estou extremamente feliz, extasiado e curtindo, cara, curtindo. Acho que o grande diferencial dessa Olimpíada para a gente de Tóquio foi que a gente conseguiu aproveitar cada segundo. Desde a abertura, aos treinos, aos estudos, as meninas se dedicando 100%. Foi isso aí, acho que é a entrega das meninas mesmo e a curtição – complementou.
O técnico também destacou a importância das horas de descontração da dupla desde a chegada à França para a disputa dos Jogos Olímpicos, ainda em Metz, no no local de treinamento da CBV na Europa. Jogos e momentos de leveza em meio à pressão pela medalha de ouro e treinamentos suados marcaram a rotina de Duda e Ana Patrícia. Uma receita que deu muito certo na visão de toda a equipe.
– Quando a gente foi para Metz, antes de entrar aqui em Paris, chegava e noite e falava: “Vamos jogar um joguinho de carta”. Eu comprei sem querer na Amazon, acredita? Aquele Amazon Prime Day lá. Apareceu como os jogos mais vendidos. Aí eu falei, vou comprar pra testar. Pra ter alguma coisa. E aí acabamos jogando e pô, a gente ficava toda noite brincando isso daí e acabou ficando uma rotina assim para a gente, para o nosso time – revelou o técnico.
– Brincadeiras à parte, era uma coisa que tinha de explodir gatinhos. A gente ficava falando “tic, tac, tic, tac, a sua hora vai chegar”. Se estendendo para as Olimpíadas. A gente brincava que a cada jogo era “tic, tac, tic, tac, a sua hora vai chegar”. Quando encontramos depois do jogo, foi “tic, tac, tic, tac, a sua hora chegou”.
O técnico contou outra curiosidade das conversas com a dupla durante a preparação. Duda e Ana Patrícia prometeram para todo mundo que se entregariam 100%, assim como toda a equipe de apoio. Não importaria o resultado: medalhistas de ouro ou últimas colocadas, aproveitariam cada segundo.
– A gente teve momentos difíceis esse ano. Lesões, depois de 2023 que a gente acabou ganhando quase tudo, né? A gente ficou fora do pódio de duas etapas. O ano de 2024 já começou muito difícil para a gente. Tirando a etapa de Brasília, foram etapas difíceis, tivemos que tomar algumas decisões, alguns momentos de não participar de outras etapas, por questões físicas e também psicológicas. E teve uma frase que eu estava lembrando ontem, lá na Vila Olímpica. Eram 3h da manhã, a gente tinha acabado de comer, aí a Duda falou assim: “Lembra em janeiro de 2024, que a gente foi para Saquarema, e aí, a gente estava morrendo no físico, e o Oliveira olhou pra mim e disse ‘vai Duda, vai que dá certo’. E ela: ‘Como vai dar certo? Ainda é janeiro’. E assim, num estralo de dedos, chegou e estamos aqui hoje comemorando isso daí.
Por Daniel Bortoletto, em Paris