Em uma live na última quarta-feira, a mais nova dupla de vôlei de praia do Circuito Brasileiro foi apresentada para a torcida. A bicampeã olímpica na quadra Paula Pequeno, 38 anos – ouro em Pequim-2008 e Londres-2012 – e Taiana, 36, campeã do Circuito Mundial de Vôlei de Praia em 2013, ao lado de Talita, vice-campeã mundial de 2015 com Fernanda Berti, e bicampeã mundial sub-21 em 2002 e 2004 – oficializaram a parceria em uma transmissão via Instagram, diretamente da cobertura de um hotel no bairro do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), em frente ao local de treinamento da dupla.
A parceria será treinada por Ricardo Moacir, que é também preparador físico e marido de Taiana. As duas estreiam já na primeira etapa do Circuito Brasileiro Open de Vôlei de Praia, que acontecerá entre os dias 17 e 20 de setembro, no Centro de Desenvolvimento do Voleibol, em Saquarema, no Rio. A segunda etapa do circuito está marcada para acontecer entre os dias 15 e 18 de outubro.
Paula Pequeno contou como foi o processo de ruptura com a antiga parceira, a amiga e campeã olímpica (Pequim-2008) Mari e aproximação com Taiana:
– Foi muito doido, porque eu já tinha praticamente combinado com a Fê Berti (até então parceira da Taiana) que eu iria treinar com ela, porque eu estava peregrinando atrás das feras para ver como fazem, como treinam, para acelerar meu processo de aprendizado na praia. Conheci a Taiana ano passado, no Rio, através da Fê Berti, quando viemos eu e a Mari treinar, e vim treinar com ela. E tive uma grata surpresa, porque tive a oportunidade de conversar, de conhecer, e foi assim que a gente cruzou as nossas vidas – contou.
Taiana revelou que a quarentena foi um divisor de águas na carreira da dupla com Fê Berti:
– Muitas coisas aconteceram durante a pandemia e as vidas – minha e da Fernanda – tomaram caminhos diferentes. Elas (Mari e Paula) já tinham combinado de fazer trenos com a gente no Rio. Ela (Paula) já sabia da situação e perguntou se poderia treinar com a gente e a gente foi treinando e tendo uma sintonia muito natural, conversando… E eu tendo de resolver qual caminho tomar, acabou que me identifiquei muito com os objetivos da Paula e foi aí que resolvi unir forças. A Paula tem muito o que me ensinar, é muito vencedora, tem uma carreira que não tem nem o que falar. Ela tem muita experiência de vida, de muitos eventos, e vai ser muito boa essa parceira. A Paula e eu temos muita sintonia. Ela veio com muita energia e trabalho. Se eu tiver de correr 20 vezes por ela eu vou correr porque sei que ela vai estar ali correndo também – disse.
Paula falou sobre o convite da atual parceira para formar a dupla:
– Foi uma tremedeira – brincou.
– No decorrer da semana, a gente saiu para jantar e no meio do jantar ela me perguntou: “O que você quer do vôlei de praia?” E eu respondi: “Quero ser uma grande jogadora de vôlei de praia e estou disposta a enfrentar todas as dificuldades”. E ela disse que estava atrás de uma pessoa que que estivesse focada, dedicada, com energia e me perguntou se eu queria ser a parceira dela. Foi chocante pra mim (risos) – disse a bicampeã olímpica.
– A Taiana é uma jogadora muito parecida comigo em muitos aspectos. Tem esse espírito jovem, é guerreira, competitiva, focada, disciplinada, fora que é craque, o que é bom, porque vai me ajudar a crescer – completou.
Paula Pequeno contou que os caminhos profissionais dela e da Mari também mudaram na quarentena:
– Durante a pandemia, meu caminho e o da Mari foram se modificando e eu continuei muito engajada, muito focada e precisava de alguém com esse compromisso, com esse desafio, com esse amor ao esporte. Hoje, eu me digo apaixonada pelo vôlei de praia. E o mais incrível é que as dificuldades do vôlei de praia são o que mais me fascinam. Poder desvendar esse esporte me motiva. Até quando eu não estou treinando na quadra, estou fazendo treinamento mental – revela.
Apesar da pouca experiência na quadra – Paula e Mari disputaram apenas duas partidas oficiais do Circuito, com duas derrotas, em março deste ano, pouco antes da paralisação do vôlei brasileiro por conta da pandemia -, a bicampeã olímpica acredita que pode levar a sua vivência e visibilidade para o novo esporte.
– Eu não acho que nenhuma adversária vai se intimidar pela minha história na quadra, não é isso, elas sabem que é outro esporte. Eu levo vantagem pelo fato de já ter aguentado a pressão na quadra de várias formas, pela experiência de anos de finais de campeonatos internacionais e nacionais. Mas é outro esporte, é um recomeço. O vôlei de praia é a versão mais difícil do voleibol. É um esporte muito difícil, que demanda muita energia, muito sacrifício, que tem pouco apoio… Quero somar, trazer possibilidades de mídia, de apoio – disse.
Paula relembra como o vôlei de praia entrou na sua vida, ano passado:
– Aconteceu de forma imprevisível. Eu detestava (risos). Quando fui jogar na primeira vez eu odiei mais ainda (risos). Até que o que as pessoas ao meu redor duvidaram de mim…. eu chorei muito e o que aconteceu foi que eu me apaixonei pelo desafio. Eu vi que iria ser difícil mesmo, mas sou movida pelo desafio e acredito que essa é uma característica de nós duas, minha e da Taiana. Cada dia vai ser melhor que o outro, sempre respeitando o meu corpo, sempre com o sonho de me tornar uma excelente jogadora de vôlei de praia. Um dia eu chego lá. Não sei quando eu vou me tornar uma grande jogadora, mas no que depender de mim, vai ser o mais rápido possível – disse PP4.
Taiana falou sobre o momento difícil do esporte no Brasil:
– O vôlei de praia tem passado por anos difíceis. É um esporte super campeão, tem grandes atletas… No pós-pandemia, a CBV está tentando fazer torneios, mas é um momento difícil. tenho muita esperança de que o vôlei de praia volte ao início de quando tínhamos muitas etapas, qualifying, muitos campeonatos. O esporte precisa encher os olhos de quem está praticando, aumentar o número de praticantes, o número de competições, de apoio. Espero que esse cenário mude.
A dupla disse que, por enquanto, não pensa em Olimpíada (Paris-2024), mas que pode fazer parte dos planos, dependendo da evolução da
– A gente não conversou sobre Olimpíada, mas como jogadoras profissionais, claro, sempre fazemos planos a médio e longo prazo. Mas, temos de ir devagar. Um dia após dia, Um degrau por vez. Os planos maiores, a gente vai construir a partir do primeiro dia – disse Paula.
– Quem tem competitividade no sangue sempre tem esse objetivo. Vamos planejando à medida em que fomos nos desenvolvendo – completou Taiana.