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Pirv: “Meu único arrependimento foi não ter me naturalizado para jogar pelo Brasil”

A romena Cristina Pirv diz que o único arrependimento na sua carreira foi não ter se naturalizado para tentar jogar uma olimpíada pelo Brasil
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Em live no último domingo, no Facebook do Vôlei de Primeira, com o administrador da página Felipe Silva, a ex-ponteira da Seleção Romena e do MRV/Minas, Cristina Pirv, admitiu que tem um arrependimento na sua vitoriosa carreira de mais de 20 anos no vôlei: não ter aceito o convite do técnico Bernardinho para se naturalizar brasileira no final da década de 1990 e ter a chance de disputar a Olimpíada de Sydney-2000 com a amarelinha.

O Web Vôlei acompanhou a live e separou alguns trechos, abaixo:

O que faria de diferente na carreira?

Se naturalizar brasileira (respondeu o filho Patrick).
Pirv – É a única coisa que eu voltaria atrás (Bernardinho quis que ela se naturalizasse para jogar a Olimpíada de Sydney-2000). Na época, eu achava que estava fazendo a escolha certa, pela Romênia, pelo respeito ao país… Mas, hoje, eu vejo que deveria ter aceitado me naturalizar e tentar disputar uma Olimpíada.

Problema cardíaco 

Tive problema cardíaco, fiz duas cirurgias em 2006, na Itália e em Curitiba, e me curei. Depois de alguns meses, fiz exames e fiquei 100% curada, não tive mais nada. Até poderia em 2007 voltar a jogar, mas eu estava casada e depois tive o Patrick. Não voltei mais a jogar para me dedicar mais à vitória

Depois que parou de jogar

Foram 20 anos de careira, aí ser fui empresária do meu ex-marido. Continuei no mundo do vôlei. Mas, depois da minha separação, coloquei a minha história numa gaveta, não queria mais ver e ouvir. Ai eu fiz um coach e vi que não podia jogar fora a minha história eu construí uma bela história, preciso dar para as pessoas o que o vôlei me deu. Preciso devolver. Tive a oportunidade de sair de um país comunista, uma cidadezinha de 80 mil habitantes, e  eu saí para vencer no mundo. E, se eu fiz, todo mundo pode fazer. Lógico, com perseverança, com disciplina, dedicação, mas todo mundo consegue.

A Romênia comunista, infância e adolescência

Tudo era racionado, pão, leite, óleo, 1 kg de farinha, 1kg de açúcar para cada família por mês… você não tinha liberdade, não poderia ter dólar, tinha de fazer o que eles queriam. Até hoje eu tenho uma coisa com a laranja (risos). Eu sinto cheiro da laranja, eu me vejo na infância, porque era um presente de Natal (risos), era muito difícil ter laranja na mesa.

MRV Minas

Eu já tinha jogado três temporadas no Minas e tinha sido a melhor jogadora da Superliga nas três temporadas, mas não éramos campeãs. Quando o Rizola assumiu (2001/2002), ele me perguntou se eu queria ser novamente a melhor jogadora da competição ou queria ser campeã, e eu disse que, claro, trocaria meus prêmios individuais para ser campeã. No início da temporada a gente começou perdendo e, teve aquela conversa de trocar de técnico, não troca de técnico. Nós, jogadoras, nos reunimos, e falamos, vamos ganhar esse campeonato. A Lili (oposta Elisângela) entrava na musculação reclamando da musculação. No terceiro dia eu falei para ela que, quando ela me visse, ela tinha de parar de reclamar e falar: “Pirv, tô bem, tô ótima” (risos). Começou como uma brincadeira, mas no final ela me disse como isso foi bom para ela. A gente se uniu e ganhou aquele campeonato.

Foram 20 anos de careira, aí ser fui empresária do meu ex-marido. Continuei no mundo do vôlei. Mas, depois da minha separação, coloquei a minha história numa gaveta, não queria mais ver e ouvir. Ai eu fiz um coach e vi que não podia jogar fora a minha história eu construí uma bela história, preciso dar para as pessoas o que o vôlei me deu. Preciso devolver. Tive a oportunidade de sair de um país comunista, uma cidadezinha de 80 mil habitantes, e  eu saí para vencer no mundo. E, se eu fiz, todo mundo pode fazer. Lógico, com perseverança, com disciplina, dedicação, mas todo mundo consegue.

Pirv na sua escolinha de vôlei na Romênia (Instagram/Reprodução)

Gírias mineiras

Aprendi a falar “ô trem bom, uai” (risos)

Jogadoras boas da sua época

Ana Moser, Leila, baixinha, mas até joguei com ela, era muito raçuda, jogava muito para o time.

Belo Horizonte

A família do Pelé, do vôlei, é a minha família. Eles são padrinhos da Nicoll e do Patrick. Foram como pais para mim. Até liguei para dar feliz dia das mães neste domingo. Eles praticamente me adotaram. Eu ia muito para Belo Horizonte. Amo Belo Horizonte.

Giba
A gente se conheceu no Minas, jogamos no Minas na mesma época, em 1999. Atualmente, a relação que eu tenho com ele é que ele é pai dos meus filhos e pronto.

Embaixadora do vôlei na Romênia

A Romênia não tem essa cultura de aproveitar os ídolos. Estou me movimentando para tentar levantar o vôlei. Fui ao Brasil há pouco tempo entregar um prêmio para Serginho para a gente ter mais visibilidade, crescer e fazer os talentos da Romênia. Nosso vôlei é bom, mas porque tem muitos estrangeiros. Precisamos melhorar as jogadoras daqui. Fui atrás, não tive muito retorno… então eu abri uma academia de vôlei. Precisamos crescer com investimento nos jovens, nas escolas. Precisamos colocar esporte nas escolas.

Pirv cercada pelos filhos Nicoll e Patrick (Instagram/Reprodução)

Derrota que não esquece
A derrota para o Rexona 99/2000, foi um 3 a 2 bem difícil… Isso marcou. E na Itália a gente (ela atuava no Novara) perdeu para Bergamo na final. A gente jogou contra o Perugia, de Mireya Luis, Regla Torres, Aguero… A gente fez 5 jogos na semifinal e 5 jogos com Bergamo na final e a gente perdeu o título no último jogo, por 3 a 2… isso marca, né.

Nicoll e Patrick e o esporte

A Nicoll vai fazer 16 anos, joga como ponteira, muita pressão… (risos). Eu acho que ela tem mais características de oposta, mas vamos ver… Ela não gostou de jogar vôlei no Brasil, acho que por conta dessa pressão (por ser filha de dois grandes ponteiros da história). Aqui na Romênia ela se interessou. Eu sempre falo para os meus filhos: “vocês têm que fazer algo que amam, porque aí vocês se dedicam mais. Se você só gosta, quando tem alguma dificuldade, você desiste”. O Patrick é bem talentoso no vôlei, mas por enquanto ele está no futebol.

Quem é Cristina Pirv?

Sou uma mulher forte, sou uma mulher vitoriosa, mas também sou delicada, sou sensível, sou leal, sou generosa, sou uma grande profissional, sou uma amiga fiel e dedicada, sou perseverante às vezes sou muito perfeccionista, até trabalhei isso no psicologo, sobre flexibilidade…. (risos).

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