O Ponta Grossa protagonizou, na noite deste sábado, mais um capítulo triste neste início de Superliga masculina 2019/2020. Na estreia na principal competição nacional, o time paranaense enfrentou o EMS/Taubaté, atual campeão, com apenas oito jogadores aptos para a partida.
Isso mesmo. Ao contar o líbero, em constante revezamento com os demais seis titulares, Ponta Grossa contava então apenas com um reserva, enfrentando a base da Seleção Brasileira, o time a ser batido na temporada. Pelo regulamento, cada equipe pode levar 14 atletas por jogo.
Não estamos falando do intercolegial dos meus filhos adolescentes, mas sim da principal competição do país, com exibição ao vivo pelo SporTV.
Mais um capítulo de um triste roteiro, iniciado com a desistência do Botafogo, às vésperas da estreia, por não ter dinheiro para bancar a temporada. Jogadores enganados por promessas de dirigentes no Rio de Janeiro, sem receber salários, perdendo o emprego e ficando sem perspectivas para o restante da temporada. E aí entra Ponta Grossa, o ex-Caramuru, herdando a vaga após um artifício jurídico, uma brecha em um regulamento dúbio.
Vamos relembrar. Mesmo sem ter quitado com as obrigações com todos os jogadores e integrantes da comissão técnica da temporada passada, o time, rebaixado após ser o 11º colocado na Superliga 2018/2019, ficou com a vaga. A estratégia foi processar os credores, alegando a “perda esportiva, por ser supostamente prejudicado ao não conseguir fazer acordos jurídicos para pagar o devido no futuro”. A CBV, aconselhada pelo departamento jurídico, após ver algo semelhante acontecer com o caso América/Montes Claros/Corinthians/Guarulhos, aceitou. E a elogiada regra do fair play, um pedido antigo dos clubes mais sérios, foi driblada.
Fatos suficientes para manchar ainda mais a imagem da Superliga, uma competição com 26 anos de existência, com todos os jogos exibidos por TV ou streaming pela primeira vez, com a presença de mais de 50 campeões olímpicos e por aí vai. E olha que Ponta Grossa teve o primeiro jogo na temporada, na semana passada, adiado. Fico imaginando se a partida contra o Sesi tivesse sido mantida. Pelo jeito não teríamos o número mínimo de atletas em quadra para enfrentar os paulistas. E o vexame seria maior.
Gostaria de encerrar o texto escrevendo que o pior já passou. Mas não tenho tanta certeza assim, infelizmente.
Por Daniel Bortoletto