Ao término da partida entre Pacaembu/Ribeirão e Vôlei Renata, nesta quarta-feira, pela antepenúltima rodada d returno da Superliga Banco do Brasil masculina, uma atitude do central Michel com o técnico Horácio Dileo fez os dois voltarem no tempo.
Destaque na vitória por 3 a 1, em Ribeirão Preto, Michel ganhou o Troféu VivaVôlei. Mas chamou Dileo e repassou a premiação. Um gesto público de agradecimento retroativo à temporada 2015/2016.
Na época, o carioca Michel, 20 anos, após passagens pelas categorias de base de Uberlândia (MG) e São José do Rio Preto (SP), desistiu da carreira no vôlei e foi trabalhar em um shopping de Maringá, onde morava com a avó. Após participar de um torneio amador na cidade, chamou a atenção da comissão técnica do argentino, que comandava o time local na Superliga.
Aquele gesto ajudou a resgatar Michel para a modalidade.
– Eu estava morando em Maringá já e tinha abandonado o vôlei por alguns meses. Estava trabalhando em uma loja de sapatos e paralelamente estava jogando em uma liga amadora de Maringá. Nesta liga, um dos técnicos era o Breno (Evangelista), que era estatístico de Maringá na Superliga, e um dos ponteiros era o Flavinho (Flávio Ciciliati), que era o preparador físico de Maringá e estava em Campinas até a temporada passada. E eles me viram e disseram que estava faltando um central para fechar o elenco. Conversaram com o Horácio: “Cara, tem um central que tem potencial para estar no elenco. Ele está jogando a liga amadora. O que você acha?”. O Horácio foi muito na palavra deles e eu me integrei à equipe do Copel Telecom Maringá. Comecei a jogar com eles e foi muito difícil, porque era um nível muito acima do que eu já tinha jogado. Eu cheguei olhando para os caras, como o Ricardo, como fã. Não conseguia olhar como companheiro de time. Era um fã ali no meio, estava perdido. E o Horácio me ajudou muito – lembrou Michel ao Web Vôlei.
O comandante argentino do Vôlei Renata lembra bem dos primeiros dias de Michel como profissional em Maringá:
– Flávio e Breno trouxeram o Michel, falaram dele e ele começou a treinar com a gente. Lembro que o Ricardinho, quando o viu treinar quatro vezes, falou: “Professor, eu quero ele”. Ele já estava dentro, mas era um garoto que não tinha experiência nenhuma. O primeiro jogo que ele entrou na quadra foi contra o Sesi e a partir daí começou a evoluir. Michel é um cara inteligente, está amadurecendo com um monte de coisas que acontecem na vida dos atletas dentro e fora. Acho que ele ainda tem muito a melhorar – comentou Dileo.
Sobre o VivaVôlei entregue ao treinador, Michel disse que já pensava nisso havia muito tempo:
– Desde a minha primeira Superliga, o Horácio é um cara que me ajuda muito, no dia a dia e nos jogos. Falei para o pessoal que quando ganhasse ofereceria o prêmio a ele. Ele demonstra essa vontade sempre de melhorar, tanto como pessoa quanto profissional, quebrando tabus que para mim são essenciais. Eu valorizo muito o esforço dele, por tudo que já passou. Senti no meu coração que eu deveria dar o troféu para ele. Eu fiz, sem demagogia, sem puxa-saquismo. Só por gratidão.
– Foi uma surpresa muito grande. Eu agradeço pelo gesto. São coisas que não se mede em títulos ganhados, se mede por carinho e respeito. Já é o meu segundo VivaVôlei. Ganhei um do Rivaldo, quando a gente eliminou Montes Claros na primeira temporada – completou o técnico.
O time campineiro voltará às quadras para encarar o América, no próximo domingo, às 19h30, no Ginásio do Taquaral, em Campinas. Será a última partida como mandantes na primeira fase da Superliga Banco do Brasil. Na semana seguinte, o adversário será o Vôlei Um/Itapetininga, dia 15, às 20 horas, no Ginásio Ayrton Senna.
Por Daniel Bortoletto