A ponteira Pri Daroit começou o ciclo olímpico rumo aos Jogos de Paris 2024 com o sentimento de realização. Na VNL, a gaúcha de 33 anos vive sua primeira oportunidade como titular da Seleção Brasileira e é uma das líderes do renovado grupo comandado por José Roberto Guimarães. O próximo compromisso da equipe, terceira colocada, é na terça-feira que vem (28), às 11h (de Brasília), em Sofia, na Bulgária.
O momento é de reinvenção para a jogadora, que deixou de brigar por vaga nos Jogos de Tóquio após pedir dispensa da Seleção Brasileira de vôlei em 2018 por motivos pessoais. Ao lembrar do episódio, ela conta que não estava preparada na época e diz que a atitude foi bem pensada.
– Nunca é fácil pedir uma dispensa e não querer estar em uma Seleção, mas eu sabia que não era o momento para eu estar aqui, então preferi cuidar de mim, por questões pessoais. Agora, estou muito feliz de ter voltado. Foi no momento certo e na hora certa – disse Pri Daroit, ao Web Vôlei.
Um reequilíbrio da vida pessoal, aliado a uma subida de rendimento no Itambé/Minas, atual bicampeão da Superliga, a levaram a um novo estágio na carreira. Hoje, Daroit se considera pronta para evoluir em nível internacional e não perde de vista o foco em uma vaga no time brasileiro para as próximas Olimpíadas.
– Foi super tranquilo voltar. Acho que foi em função do meu trabalho e estou muito contente. Falei para o Zé que estava feliz e agradeci pela oportunidade. Tenho muito a evoluir. Ele é sem comentários em relação à técnica e como pessoa. Tenho tentado sugar o máximo dele e da comissão técnica – diz a atleta, consciente sobre o que ainda pode melhorar em seu jogo.
– Acho que tenho a evoluir muito no fundo de quadra, em relação à defesa e ao passe, e no ataque, no sentido de variação de golpes. Sei que o Zé é muito bom nisso e procuro aproveitar, pois sei que tenho a crescer.
A atacante foi titular em todas as partidas da Liga das Nações até o momento, com importante papel na linha de recepção.
A Seleção jogou a primeira etapa desfalcada da ponteira Gabi, estrela do grupo e considerada uma das melhores jogadoras do mundo atualmente. Em Brasília, a vice-campeã olímpica em Tóquio voltou ao time, o que ampliou as opções de Zé Roberto, que tem ainda Julia Bergmann e Rosamaria na função.
Antes da estreia na VNL, o treinador contou que a evolução da ponteira nos últimos anos chamou sua atenção. Mesmo após uma boa temporada em 2020/2021 pelo Minas, a atleta ficou fora da convocação para os Jogos do Japão, uma vez que o critério foi fechar o grupo que vinha participando de todo o ciclo olímpico.
– Nós trabalhamos juntos no time de Campinas em 2012. Foi um dos meus primeiros contatos com a Pri. É uma jogadora que cresceu nos últimos anos. Ela me falou: “agora eu quero voltar para a Seleção e essa oportunidade vem em um momento legal da minha vida”. Então, ela aceitou e acho que irá somar bastante. Ela é muito boa tecnicamente. Foi uma das melhores jogadoras da última Superliga, é uma das mais experientes do grupo e tem muito a contribuir – disse o tricampeão olímpico.
Parceria valiosa
No Itambé/Minas, Pri Daroit cresceu em meio aos ensinamentos dos técnicos italianos Stefano Lavarini, hoje na Polônia, e Nicola Negro, que renovou com o clube mineiro para a próxima temporada. A atleta também seguirá na equipe em 2022/2023. A levantadora Macris, anunciada pelo Fenerbahce (TUR), foi outro suporte na carreira da ponteira.
– A Ma joga com muita velocidade e eu gosto disso. Acho que sou uma jogadora com esse perfil, e o vôlei moderno é muito veloz. Temos de correr atrás de um jogo cada vez mais rápido, pois isso faz diferença – analisou Daroit.
O Brasil tem a Liga das Nações como a primeira grande competição do novo ciclo olímpico. O maior desafio da temporada será o Campeonato Mundial, entre setembro e outubro, na Holanda e na Polônia.
– É um ano de muito treino. A equipe tende a evoluir ainda. As seleções de fora são de altíssimo nível, mas não faltará dedicação. Estamos confiantes que faremos um bom ciclo olímpico e chegaremos preparadas em Paris – afirma Daroit.
*Por Jonas Moura