O campeão olímpico de vôlei de praia Ricardo Santos e o medalhista pan-americano e classificado para Tóquio, Álvaro Filho, participaram de uma Live no Instagram da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) nesta terça-feira. Ricardo declarou tem a intenção de se tornar treinador no futuro, e Álvaro revelou que viverá uma emoção especial neste ano, quando será pai pela primeira vez.
Ricardo, que foi campeão brasileiro na temporada 2018/2019, atualmente morando nos Estados Unidos, comentou sobre os próximos passos da carreira. O baiano de 45 anos é o atleta mais experiente da história a conquistar o circuito nacional.
– O atleta de vôlei de praia sempre é movido a novos desafios. Acredito que daqui a pouco está chegando a hora de sair das quadras, passar por essa transição na vida. Sempre trabalhamos com planejamento e no momento também penso no pós-atleta, no que gostaria de fazer. Sinto-me muito presente no esporte, gostaria de continuar dentro da modalidade que contribuiu tanto na minha formação – disse Ricardo, que completou.
– Sinto necessidade de colaborar, minha intenção é futuramente assumir como técnico. Será um desafio que irá me manter dentro do vôlei, sempre gostei de passar informações, ler o que está acontecendo na partida. Falo muito em quadra, você jogou comigo e sabe, gostaria de continuar fazendo isso, passar essa vivência para outros atletas – destacou ele, que iniciou um trabalho com Larissa, que está voltando à modalidade.
Classificado para Tóquio junto do parceiro Alison, Álvaro relembrou como Ricardo foi inspiração para seu início de carreira, quando assistia em João Pessoa (PB) aos treinamentos da histórica parceria do baiano ao lado de Emanuel.
– Tive o privilégio de assistir Ricardo e Emanuel treinarem em João Pessoa, na época estava começando na modalidade, atuava com Vitor Felipe, algumas vezes ia assistir aos treinos deles. E essa dupla despertou essa chama e vontade de ser atleta, buscar a classificação para os jogos de Tóquio. Tive o prazer de jogar ao lado dele, ser campeão brasileiro, uma parceria que me ensinou demais e trouxe muitas coisas boas – comentou Álvaro Filho.
O paraibano que será pai neste ano – será um menino, mas o nome ainda não foi escolhido – também falou sobre o fim da parceria com Ricardo em 2019, após o título brasileiro, quando ele ‘apadrinhou’ a formação do paraibano ao lado de Alison.
– Jogava ao lado de Ricardo há um ano, quando Alison me chamou para jogar. Na mesma hora, Ricardo disse que eu deveria ir. Me chamou a atenção, mostra a grandiosidade de Ricardo. Estávamos atuando juntos, perto de confirmar o título brasileiro, e ele me incentivou a aceitar e formar o time com o ‘Mamute’ para buscar esse sonho de me classificar para os Jogos Olímpicos, ele é o padrinho da nossa dupla – disse.
Ricardo também comentou sobre a renovação do vôlei de praia brasileiro, que atualmente detém o tricampeonato masculino e feminino do Mundial Sub-21.
– Temos grandes jovens não só surgindo, mas se firmando, como são os casos de George, André Stein, Saymon, Vinícius Freitas, Arthur Lanci, Adrielson, temos uma geração que vai representar muito bem o país. O mais importante é possuir pontos formadores. Ter os atletas de referência, de nível mundial, como temos, mas também polos de treinamento com profissionais capacitados para trabalhar a base. Isso torna mais fácil o surgimento de novos atletas e futuros vencedores – destacou Ricardo.
Álvaro Filho e Ricardo comentaram também como estão passando pelo período de confinamento por conta da COVID-19. Ricardo tem aproveitado o período para estudar e se preparar para a transição ao posto de treinador.
– Tenho estudado e assistido muitos treinamentos para aumentar meu conhecimento, ficando em casa 99% do tempo, saindo apenas para comprar mantimentos. Faço atividades pela internet com meu preparador físico Léo Cerqueira, assisto muitas séries, ajudo na parte da cozinha, relembrando os anos em que trabalhei em restaurantes lá em Salvador (risos). Aprendi muita coisa naquela época, não passo fome, não (risos) – disse Ricardo.
Já Álvaro Filho tem ficado próximo da natureza e realizando exercícios físicos enviados pela comissão técnica enquanto aguarda o retorno das atividades normais.
– Tenho um jardim, fico bastante com as plantas, entretido em cuidar das flores, da horta. Também fui ao sítio que meu pai possui aqui na área rural da Paraíba, lá consigo ter mais espaço para manter os exercícios e manter o distanciamento social. E semanalmente estamos fazendo um programa de exercícios que nossa comissão técnica envia. É mais difícil esse confinamento, sou mais acelerado, mas estamos nos cuidando.
Ricardo também revelou uma curiosidade que poucos sabem sobre sua carreira. Em 1997, por alguns meses, atuou como central de uma equipe argentina.
– Durante um período em 1997, o Circuito Brasileiro ficou paralisado por alguns meses e fui convidado para atuar por uma equipe argentina de vôlei de quadra. Foi um período de pouco mais três meses, mas uma experiência muito válida. Atuava de central e oposto, mais principalmente de central. A base era de uma seleção argentina juvenil, um time forte, e eu como único estrangeiro, brigamos de igual para igual com muitos times fortes – encerrou.