A segunda-feira, dia 21, foi especial para o técnico Rubinho. Após vencer o coronavírus, ele pôde acompanhar, no Panela de Pressão, a vitória do Sesi Bauru sobre São Caetano. Realidade bem diferente da vivida por ele três semanas antes, quando foi internado em Bauru.
A pedido do Web Vôlei, Rubinho falou sobre a difícil experiência, uma forma até de ajudar na conscientização em um novo momento de aumento no número de casos no Brasil. Confira, na íntegra, o depoimento do treinador:
“A gente, quando voltou do jogo do São José, teve a situação de atletas que não estavam muito bem. E eu também. No sábado, fomos ao hospital, fizemos a primeira avaliação e com isso esperamos até segunda. Na terça-feira, saíram os resultados e confirmaram os nossos casos. Na terça-feira mesmo, o nosso corpo médico nos colocou em contato com o dr. Edson Carvalho de Melo, um infectologista sensacional, magnífico e ele atendeu todos os nossos 14 casos naquele momento. Na quarta-feira, dia 2 de dezembro, eu já saí dessa consulta tendo de pegar as coisas em casa para ir para o hospital para ser internado, porque meu caso era mais grave.
Minha esposa me acompanhou em todo o processo, me levou para o hospital. E no hospital começou a batalha, né. Passei por duas fases da questão da oxigenação. Fiquei sabendo depois que saí do hospital, mas naquele momento eu estava com 60% do pulmão comprometido, um caso bem grave, eu acho. Logo na chegada ao hospital eu entrei no catéter, o primeiro estágio de oxigenação que a gente recebe, acho que ele provê 6 litros de oxigênio, isso na quarta-feira. Na quinta, eu começava a falar e não conseguia completar as frases, tinha de parar e descansar. Aí fui para outro equipamento com mais poder de oxigenação. Na verdade a guerra é para sair dele e não ficar nele. A terceira fase provavelmente seria a intubação, acho.
A melhoria é você ir dependendo cada vez menos do processo. De quarta a domingo a coisa foi bem complexa. Depois comecei a melhorar. Nesse ponto, o seu organismo tem de reagir. Foi crítico, mas eu consegui ir me recuperando. Na segunda eu saí desse equipamento, passei para um mais leve e fui retirando até conseguir ficar na minha própria respiração. Tive um atendimento espetacular. Isso ajuda muito, porque é uma situação de muito receio, mentalmente muito complicada.
As pessoas não têm noção da gravidade, eu mesmo não tinha. A doença é muito perigosa, é muito traiçoeira, acontecem coisas que você não imagina, você fica em situações em que pode ir ou voltar. Como boa parte dos infectados não passa pelos problemas que eu passei, as pessoas acham que é uma doença simples, a tal da gripezinha. Esse é um ponto bem importante. É importante esse alerta. Eu fui um caso complexo dentro de vários outros dentro do voleibol que não evoluíram para isso, mas haverão sempre os casos complexos. O problema é ter a estrutura para esses casos. Eu tive um cuidado acima da média, mas estamos falando da população como um todo. Acho importante passar o que aconteceu comigo para que as pessoas tenham essa preocupação e saibam que o problema é muito grave. Acontecem coisas que você nem imagina”.