O anúncio da presença de Sheilla no programa de transição de carreira do Minas Tênis Clube pode ter um significado histórico para o vôlei brasileiro: o início de uma era de treinadoras no país.
A bicampeã olímpica terá, num primeiro momento, cargo na comissão técnica da equipe feminina e fará parte do “Programa Trainee Técnico-Gerencial Minas Tênis Clube”. Serão os primeiros passos para Sheilla poder treinar uma equipe no futuro. Existem outros obrigatórios, como os cursos de habilitação da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para a função. A oposto sequer anunciou o fim da carreira como jogadora, que deve acontecer ao fim do primeiro trimestre de 2022, mas aos 38 anos já começa a vislumbrar uma nova profissão dentro da modalidade.
O simples desejo de a jogadora Sheilla se transformar na treinadora Sheilla já pode servir como inspiração. Atualmente a função é uma exclusividade dos homens. Não há mulheres nos principais projetos de vôlei do país. A última mulher a treinar uma equipe na Superliga foi Sandra Mara Leão, em 2016, em Araraquara. Isabel Salgado, com o Vasco, na distante temporada 1999/2000, é outro raro exemplo.
O cenário mundo afora também não é muito diferente. Nas últimas edições de Jogos Olímpicos, por exemplo, a única mulher no comando de uma seleção de vôlei em ambas foi Lang Ping, com a seleção feminina da China. Em 2021, Kumi Nakada dirigiu as donas da casa.
Exceções à regra, infelizmente. As mulheres estão cada vez mais presentes em todos os setores da sociedade. Por qual motivo não podem ser protagonistas no vôlei como treinadoras ou assistentes em comissões técnicas?
Preconceito e discriminação, é verdade, ainda convivem com as mulheres em qualquer processo de ascensão profissional. Mas o desejo de desbravar novas áreas, como Sheilla dá indícios, pode inspirar outras, famosas ou não, a seguirem o mesmo caminho. No vôlei e em qualquer outra atividade profissional.
Por Daniel Bortoletto