A bicampeã olímpica Sheilla usou o Instagram, nesta quinta-feira, para publicar uma reflexão sobre a longevidade dos atletas no esporte. Ao relatar uma conversa ouvida em uma academia, ela escreveu sobre a difícil decisão de parar de jogar.
Aos 38 anos, Sheilla já faz a transição de carreira. Ela ainda pretende jogar mais uma edição da Athletes Unlimited, nos Estados Unidos, nos próximos meses. Enquanto isso, faz parte da comissão técnica do Itambé/Minas, vice-líder da Superliga feminina, e participa dentro do próprio clube de um projeto de pós-carreira.
Confira a íntegra do texto de Sheilla, citando inclusive o exemplo da central Carol Gattaz, estreante em Olimpíadas aos 40 anos, na edição de Tóquio, no ano passado.
“Hoje estava malhando e sem querer me peguei escutando a conversa entre dois homens ao meu lado, falando de algum atleta: “Ele devia parar, esses jogadores não entendem que é melhor parar antes de começar a passar vergonha”. Oi? E sei que muitos(a)s pensam assim. E muitos atletas também têm esse medo, medo de não render como antes. Mas deixa eu explicar uma coisa para vocês que não são atletas: às vezes os times, clubes, patrocinadores, querem algum atleta por muito mais coisas que apenas seu rendimento. Existem atletas que atraem torcida, atraem outros atletas, geram renda e visibilidade para o patrocinador, para clube, para o time. E mais mil coisas. Então sugiro a vocês a não enxergar as coisas neste círculo limitado, tipo o que escutei hoje quando estava malhando. Abram a mente de vocês. E agora um conselho para outros atletas: quem determina quando é hora de parar são vocês, somos nós. Não tenham medo de não render mais como antes, porque hoje, cuidando do físico bem, vocês podem jogar até mais de 40 facilmente. Vide Federer, por exemplo no tênis. Ou Nadal com 35 e sem sinais de que vai ter uma queda de rendimento. Carol Gattaz indo à sua primeira Olimpíada com 40. Cristiano Ronaldo com 36. Posso citar vários aqui! O que nos limita hoje não é a idade, é a cabeça. Então a decisão de parar de jogar não é de ninguém além do próprio atleta. E se ele quiser estar em atividade até os 50 e tiver alguém pagando, pode ter certeza que ele está gerando lucro. Nenhum atleta que se supera diariamente para continuar em atividade durante muito tempo passa vergonha, mas o contrário, inspiram outros a seguirem o mesmo caminho. E inspiram vocês que não são atletas que tudo é possível com determinação, perseverança e resiliência”.