As centrais Dani Suco e Camilly e a levantadora Thais, do Tijuca Tênis Clube, denunciaram nas redes sociais terem sofrido ofensas racistas na noite de sexta-feira (26/1), em partida contra o Curitiba, pela terceira rodada da Superliga B. Elas contaram que ouviram torcedores imitando macacos durante o segundo set. O time paranaense venceu a equipe por 3 sets a 2, de virada, e manteve a invencibilidade na competição.
Em um vídeo publicado no X, antigo Twitter, nesta manhã, Dani Suco contou que as ofensas quando ela foi para um saque no segundo set da partida, disputada no Círculo Militar do Paraná.
– No segundo set, no momento de um rally que terminou com um ponto nosso, fiz uns gestos de agradecimento e, quando fui para o saque, ouvi nitidamente pessoas fazendo insultos racistas com sons de macaco para mim. Fiquei indignada, olhei para trás e pensei “não estou acreditando no que estou ouvindo”. E toda a vez que eu ia sacar, eu ouvia a mesma coisa. A mesma coisa para a Thais e para a Camilly. Não conseguimos ver quem era, mas o insulto existiu – relatou Dani Suco.
Ainda neste vídeo, um torcedor identificado como Wagner corroborou o que foi dito pela central.
– Ela foi para o saque após um rally muito intenso. A torcida (do Curitiba) começou a vaiar muito, para rechaçar. Até aí, natural. Mas eu comecei a ouvir uns sons estranhos, imitando macaco. No primeiro momento, eu paralisei e pensei: “Não é possível que isso esteja acontecendo”. E os sons continuaram por breves segundos e eu tentei identificar de quem vinha. Só consegui identificar de onde vinham mais ou menos. Imediatamente, percebi que a Dani até comentou com as colegas na quadra. Elas falaram que sim. De fato, a Dani tem razão. Isso é inadmissível e previdências têm que ser tomadas – comentou o torcedor.
CBV, Curitiba e Tijuca se manifestam
A CBV, responsável pela Superliga B, informou em nota oficial que repudia qualquer ato discriminatório, o que inclui o racismo, e explicou que está levantando materiais que possam colaborar com as investigações.
“A Confederação Brasileira de Voleibol repudia e não admite qualquer tipo de preconceito ou ato discriminatório, e entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como o respeito, a tolerância e a igualdade. Como a CBV não tem poder punitivo e nem de polícia, está fazendo o levantamento do material comprobatório – imagens do jogo, súmula, relatório do delegado da partida e manifestações de atletas e clubes envolvidos. Este material será encaminhado aos órgãos competentes (principalmente Ministério Público, autoridade policial, STJD e Comitê de Ética), para que sejam tomadas todas as medidas cabíveis no âmbito esportivo e perante o poder público e demais instâncias. A CBV acompanhará os desdobramentos do caso e não medirá esforços para que todos os responsáveis sejam identificados e punidos.”
Em nota oficial, o Curitiba disse não ter identificado até o momento as ofensas racistas, mas garantiu empenho nas investigações. O clube paranaense também mostrou repúdio por atos de racismo, na Superliga B ou em qualquer lugar. O Tijuca também se pronunciou.
“Através da presente nota, o Curitiba Vôlei vem a público informar que está ciente quanto às alegações dos fatos supostamente ocorridos na partida desta sexta-feira. Até o momento, não se pôde constatar, seja pelas imagens ou áudio da partida, a ocorrência do alegado. O Clube informa, ainda, que seguirá apurando a situação e, caso consiga identificar a ocorrência de atos ofensivos, os levará imediatamente às autoridades competentes e voltará a se manifestar. Por fim, o Curitiba Vôlei salienta o seu repúdio a quaisquer atos de intolerância e preconceito, reafirmando o seu compromisso com o respeito ao próximo e, sobretudo, com a verdade.”, afirmou a equipe, em suas redes sociais.
“O Vôlei TTC manifesta, publicamente, repúdio a quaisquer formas de discriminação e de preconceito racial. O racismo, em pleno século XXI, é inaceitável e deve ser firmemente combatido. Toda solidariedade as nossas atletas”, postou o Tijuca.
Em entrevista ao Paraná Portal, o presidente da Federação Paranaense de Vôlei (FPV), Jandrey Vicentin, falou sobre o episódio e afirmou que a entidade prestou apoio às atletas.
– O delegado ficou olhando ali próximo, mas não conseguiu identificar posteriormente qualquer manifestação. Damos total apoio a Dani e qualquer atleta que sofre insulto de qualquer natureza. Não compactuamos – disse Jandrey.