Delírio em azul e branco. Neste sábado, o Sada Cruzeiro conquistou pela quarta vez em sua história o título mundial masculino de clubes de vôlei. Com o Ginásio Divino Braga, em Betim, lotado, vitória incontestável por 3 sets a 0, parciais de 25-17, 25-22 e 25-23. Confira aqui a seleção da competição.
Mais do que um simples triunfo, uma revanche em relação ao revés na decisão de 2019, na mesma Betim, diante dos mesmos italianos.
Em certos momentos, foi uma aula de voleibol. Agora são 42 títulos do Cruzeiro desde 2010. Neste período, foram 58 campeonatos disputados, dos quais a equipe celeste alcançou a final em 51 oportunidades, conquistando mais de 72% dos torneios que participou e venceu 82% das partidas que valeram o título.
O ponteiro cubano Lopez foi o maior pontuador do jogo, com 12 acertos. Wallace contribuiu com 9 para o time campeão. Rodriguinho fez 8 e Otávio e Isac 8 cada um. Os destaques do Civitanova foram o oposto Garcia e o ponteiro Yant, ambos com 11 pontos. Lucarelli fez 9 e Simon, 7.
O time italiano fez mais pontos de ataque: 36 x 32. Mas abusou dos erros. Foram 34 no total, 14 só no primeiro set. O Sada Cruzeiro cedeu 19 pontos para os rivais. O time mineiro foi bem superior nos bloqueios: 6 a 1. Isso, porque o saque funcionou muito bem, que obrigou o Civitanova a jogar pelas pontas, facilitando a leitura do bloqueio.
Antes do jogo, um indício do que seria a partida. O ponteiro Lucarelli, do Civitanova, mineiro de nascimento, aplaudido em todos os demais jogos da competição, foi recebido em quadra com mais vaias do que aplausos. Como diz o ditado, “final não se joga, se ganha”. E a torcida foi na mesma linha.
O Cruzeiro fez um primeiro set de almanaque. Pressão no saque desde o início, bloqueio e defesa gerando contra-ataques e alto aproveitamento para pontuar. Pressionado, o Civitanova colaborou errando muito mais do que o esperado para uma decisão. Foram impressionantes 14 pontos dados de graça para os donos da casa. Gianlorenzo Blengini perdeu a paciência com Gabi Garcia rapidamente, colocando Zaytsev no jogo. Na reta final da parcial, tirou ainda Lucarelli, Yant e De Cecco. De nada funcionou, com um placar avassalador de 25 a 17.
No segundo set, passagens de Simon pelo saque sempre renderam pontos para o Civitanova. O placar foi comandado pelo italianos até o 9° ponto. A virada aconteceu em um lance muito contestado pelos europeus, mesmo com a checagem do desafio por um suposto toque no bloqueio cruzeirense. A diferença a favor dos brasileiros começou a ser aberta com Lopez no saque. Um ace, outra pancada desestruturando o passe adversário e o placar apontava 14 a 11 quando Blengini pediu tempo. A partida ficou nervosa e catimbada com pedidos em desafio em sequência, e marcações erradas da arbitragem sendo corrigidas. Mas a vantagem do sideout era do Cruzeiro, que foi eficiente na virada de bola para fechar em 25 a 22.
O nervosismo continuou do lado italiano na terceira parcial, com seguidas reclamações com a arbitragem. Felizmente o desafio eletrônico corrigiu as falhas. A torcida passou a pilhar ainda mais o Civitanova, pegando no pé de Simon, central que deixou o Cruzeiro em litígio anos atrás. O Sada Cruzeiro, por sua vez, manteve o ritmo, sendo muito consistente no ataque com Wallace e Lopez, principalmente. Sem permitir reação dos rivais, a vitória foi quase em uma contagem regressiva, até o ponto final.
Ao lado da quadra, o ex-capitão Filipe, agora professor Filipe Ferraz, explodiu de alegria. Ele que sempre foi um termômetro do time em quadra, agora faz o mesmo, mas do lado de fora. E tem que estar orgulhoso pelo que o Sada Cruzeiro mostrou neste Mundial.
Por Daniel Bortoletto, em Betim