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Um ano após Tóquio, a Seleção 50% alterada é empolgante

Neste sábado, a Seleção Brasileira disputa o título mundial contra a Sérvia. Fruto de um trabalho elogiável neste início de ciclo olímpico
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No domingo, 8 de agosto de 2021, a Seleção Brasileira feminina de vôlei deixava a Ariake Arena, em Tóquio, com a medalha olímpica de prata pendurada no pescoço, após derrota para os Estados Unidos por 3 a 0, com muitas dúvidas sobre o processo de renovação prestes a ser iniciado para o ciclo Paris-2024.

No sábado, 15 de outubro de 2022, a Seleção Brasileira feminina entrará em quadra na Omnisport, em Apeldoorn, na Holanda, para enfrentar a Sérvia em busca do inédito título mundial. E com a certeza de que o processo de trabalho para o novo ciclo olímpico está sendo muito bem conduzido após 1 ano, dois meses e sete dias daquela outra decisão.

O primeiro ano pós-Jogos Olímpicos costume ser de metamorfose, testes e resultados aquém do esperado sendo tratados como naturais e compreensíveis. Como a pandemia estendeu o ciclo anterior e diminuiu o atual, o 2022 atípico está sendo muito acima de todas expectativas para o Brasil.

José Roberto Guimarães, com a sexta campanha olímpica consecutiva com a Seleção feminina em curso, perdeu exatamente 50% do elenco de Tóquio. Fernanda Garay se aposentou das quadras, Camila Brait está grávida, Tandara foi suspensa por doping, Ana Cristina pediu dispensa, enquanto Natália e Bia não foram mais convocadas. Como a Olimpíada permite apenas 12 atletas inscritas, metade daquele time não está no Mundial.

O que poderia ser um sinal de terra arrasada, se transformou em uma colheita precoce para Zé Roberto, o técnico que tira dinheiro do próprio bolso para manter as categorias de base e o time adulto do Barueri. Obstinado, persistente, incansável… Escolha o adjetivo para definir este tricampeão olímpico com toque de Midas e uma vontade contagiante de mover o vôlei do Brasil para o topo.

Macris, Gabi, Carol e Carol Gattaz formam a espinha dorsal remanescente de Tóquio na equipe titular. Uma base sólida, respeitada pelo restante do elenco e pronta para inserir, quem quer que seja, na rotação. Na saída de rede, Kisy, Lorenne e Tainara já passaram pela posição e, em diferentes momentos, deram conta do recado neste ano. Rosamaria, a titular na ponta no planejamento inicial do Campeonato Mundial, viu uma lesão a afastar em boa parte da temporada de seleções. Pri Daroit assumiu tão bem a responsabilidade neste Mundial que não parecia ter ficado anos sem ser convocada. Quando Zé precisou novamente de Rosa, ela estava pronta novamente. Entre as líberos, Nyeme e Natinha já revezaram tanto neste 2022 a ponto de ser impossível saber quem é a titular. Some-se a esse processo a enorme segurança transmitida por Roberta ao ser utilizada nos momentos mais complicados para uma levantadora. Só não cito Julia Kudiess e Lorena com mais ênfase pois a dupla de “Carols” não dá brecha nenhuma na posição.

E eu poderia estar falando também de Diana, Julia Bergmann, Lorrayna, Ana Cristina, jovens com talento para fazer parte desta empolgante Seleção feminina e por diferentes motivos fora da disputa. Isso só mostra como o processo está sendo feito com correção. Ou, como dizem as redes sociais, mostrando que “Zé tem um plano”. Não tenho bola de cristal para saber o resultado da final contra a Sérvia. Mas estou convicto de uma coisa: independentemente do placar deste sábado, o trabalho de Zé das Medalhas, sua comissão e das jogadoras merece muitos aplausos. E, se o destino reservar o inédito título mundial, será justo e merecido.

Por Daniel Bortoletto

Tags: BrasilCampeonato MundialJosé Roberto Guimarães

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