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Um bate papo com a fotógrafa Ju Kageyama

O Web Vôlei bateu um papo com a fotógrafa Ju Kageyama, uma das mais presentes em jogos do Paulistão e da Superliga
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Ela uma das fotógrafas mais queridas pelos jogadores, sejam eles já profissionais ou ainda nas categorias de base. Ganha abraços, declarações nas redes sociais e é sempre marcada na enxurrada de fotos que tira nos jogos do Campeonato Paulista ou Superliga. Estamos falando da fotógrafa Juliana Kageyama, 39 anos, 20 deles no esporte. Batemos um papo com a Ju e o resultado está nessa entrevista super descontraída que você confere abaixo:

WEB VÔLEI – Fala um pouco do seu início na fotografia e como você começou a fotografar no vôlei.

JU KAGEYAMA –  Minhas amigas me chamaram para ir numa escolinha de vôlei que tinha aberto perto da escola que estudávamos. Peguei gosto e continuei treinando. Logo depois veio a conquista do ouro em Barcelona e o gosto pelo vôlei aumentou.

Em 2001, passei a ajudar um projeto de vôlei que tinha em Mogi das Cruzes com o meu técnico Robson. Ficava de assistente do Mirim ao Adulto feminino. No mesmo ano o Robson tinha me chamado para ajudar com os números do jogo num amistoso dele contra o time sub-21 de São José dos Campos. Foi meu primeiro contato com uma equipe de base de Federação. Fiz amizade com alguns atletas e surgiu a vontade de acompanhar o crescimento deles. Um deles é o Vini (central) que desde então tento assistir pelo menos um jogo por temporada.

Depois passei a ter mais chances de assistir os jogos ao vivo já que Mogi participava do Campeonato Paulista e Suzano participava do Paulista e Superliga. Na época já tirava fotos times da arquibancada para deixar de lembrança.

Ju e Murilo no início da carreira (Arquivo pessoal)

Assistia os jogos pela TV e via algumas cenas legais durante o jogo como a comemoração de um ponto, a fisionomia de raiva quando errava algum lance entre outros. Na época haviam alguns sites que postavam fotos de jogos mas dificilmente achava as fotos que eu queria ou de quem eu queria. Eram fotos muito bonitas mas não exatamente as que eu queria guardar.

Em 2013 surgiu um projeto novo de uma equipe sub-21 em Mogi com o técnico Éder. Na época eu já participava no time da cidade e os meninos treinavam depois do meu treino e eu ficava assistindo para aprender e tirar algumas fotos. O Éder viu as fotos e me convidou para ajudar na divulgação do time masculino. Criamos uma página no Facebook e acho que ajudou bastante.

Em 2014 um dos meninos comentou que as fotos que eu tirava ajudava bastante pois como eles eram da base ninguém ligava para eles e não tinham como se divulgarem.

Para conseguir mais “curtidas” na página passei a tirar fotos dos times da casa e dos adversários, postar vídeos de lances dos jogos e escalações das equipes para chamar mais a atenção. Por meio dessa estratégia fui fazendo amizades com os meninos das outras equipes e tentar ajudar de alguma forma os outros meninos a terem fotos também. E como podia tirar fotos de dentro da quadra conseguia tirar fotos de lances que eu sempre quis ver.
Em 2018, eu recebi de presente uma câmera e com ela venho tendo acesso às quadras nos jogos do adulto. Ao mesmo tempo que posso ver os meninos da base crescendo, posso tirar fotos (pelo menos tentar) das cenas que sempre quis ver no adulto.

Com Marlon e Serginho (Arquivo Pessoal)

WEB VÔLEI – Quais as suas maiores paixões Como é sua rotina num dia de jogo?

JU KAGEYAMA – Sou apaixonada pelo vôlei, acho que até demais hahahahaha e as fotos me ajudam a registrar um pouco dessa paixão. Fico e ficaria muito feliz em saber que pude ajudar algum atleta por meio das fotos.

Procuro me programar para cada jogo, vejo se consigo ter acesso aos jogos dos times para assistir e dar uma estudada antes. Ver a incidência de saque… levantamento… ataques… (Nem sempre lembro durante o jogo kkkkkkk). Procuro chegar antes do alongamento para ir entrando no clima do jogo. Vejo como é o ginásio para ver se acho algum ponto estratégico para as fotos, arrumar a câmera de acordo com a iluminação. E quando começa o jogo passo a analisar de novo… a situação para cada time, quem está bem, quem está sendo caçado no passe, procuro as manias dos atletas e rezo para estar no lugar certo para uma foto. O resultado de tudo isso é um cansaço mental, principalmente quando um jogo vai para o 5 set. No fim do jogo ainda procuro algumas cenas fofas como os filhos dos atletas em quadra e os papais babões. Espero que esteja conseguindo ajudar o pessoal…

WEB VÔLEI – Você é muito querida pelos jogadores, como é essa relação com eles?

JU KAGEYAMA – Hahahaha Sinceramente, não sei se sou tão querida assim. Mas agradeço de coração todo carinho que venho recebendo e espero ser merecedora de tudo isso. Quando comecei a treinar, sempre tive um sonho de conhecer algum jogador de vôlei. E hoje me vejo no meio deles.
Sempre achei que os jogadores fossem de outro mundo, então quando chego perto de algum atleta mais renomado minhas pernas tremem. Sou muito quieta e tímida gente… não sei lidar com a situação, por dentro eu estou desesperada hahaha. Afinal de contas… sempre foram atletas que só via na TV. Alguns ainda nem consigo chegar perto…

Com os jogadores Tsubakiyama, Dekita, Ishikawa e Yanagida, da Seleção Japonesa (Arquivo Pessoal)

Já os meninos da base sinto que tenho mais liberdade, consigo brincar e conversar mais. Mas mesmo com eles ainda fico contida em alguns casos.
Procuro tratar todos da melhor maneira possível, gosto muito do pessoal dentro e fora de quadra, são pessoas que sempre me ajudaram, sou o que sou hoje graças a essas pessoas que conheci. Sou grata a cada atleta, CT e arbitragem pelo reconhecimento, atenção e muito grata pelo carinho recebido.
Recebi uma câmera de presente. Vários atletas, CTs, amigos, papais e mamães fizeram uma vaquinha para comprarem uma câmera. Foi uma grande surpresa. Na hora não sabia o que pensar. No cartão dizia que era uma forma de agradecer pelo meu trabalho com as fotos. Naquele momento tive certeza que não estava fazendo algo errado e que estava ajudando o pessoal de alguma maneira.

Tento ajudar mas também tenho que pedir desculpas às pessoas que me pedem e não consigo atender aos pedidos de fotos… Espero que entendam que também dependo de recursos e isso me obriga a fazer algumas escolhas.

WEB VÔLEI – Qual é a dos bolinhos, tortas, eles sempre marcam você com uns doces que parecem maravilhosos nas fotos…

JU KAGEYAMA – No começo eu fazia um kit de chocolate para entregar aos atletas que eu conhecia nos jogos que eu ia. Mas era muito pouco… Era e é uma forma de agradecer pela atenção recebida a cada jogo. Mas no decorrer dos anos… o kit foi ficando carinho e os conhecidos em quadra foram aumentando…
Achei uma receita de pavê na internet e fiz… levei para os meninos de Mogi para provarem (meus cobaias) e eles gostaram. Então troquei o kit de chocolate pelos pavês. Agora tem os biscoitinhos também. Acho que as nutricionistas querem acabar com a minha vida hahahaha.

Com Dayan e Pureza (Arquivo Pessoal)

WEB VÔLEI – Três jogos inesquecíveis:

JU KAGEYAMA – A final dos Jogos Regionais de 2014 em Caraguatatuba. Mogi fez a final contra Taubaté. Nosso time era Sub-21 e o Taubaté adulto que mesmo sem os selecionados (da época) era um time com Lorena, Pedro Teles, Maurício Souza, Diego entre outros. Os meninos jogaram demais. Desse time de base de Mogi acompanho o Renan Michelucci, que vai pra Alemanha; o Arthur Henrique, que estava em Blumenau e o Wilclemi, que estava em Portugal na última temporada. O Brasil x Bulgária pela classificatória para as olimpíadas… quase morri kkkkk. As finais da Superliga 18/19 que acompanhei de pertinho. Tenho um carinho especial com os jogos do pessoal que vi na base jogando no adulto. Vini foi um dos primeiros que conheci e acompanho até hoje.

WEB VÔLEI – Sonhos e planos para o futuro?

JU KAGEYAMA – Sonho… gostaria muito de ver mais incentivo ao esporte, não só para o vôlei mas o esporte em geral. Sonho particular é ver os amigos crescendo dentro e fora de quadra. Tirar fotos de campeonatos europeus e japonês. Além dos conhecidos.. quero ver alguns renomados. Planos para o futuro… sinceramente cada temporada é bem incerto. Dependo muito da situação dos meus recursos. Mas ainda quero continuar acompanhando os amigos em quadra.

POR:  PATRÍCIA TRINDADE

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