Melissa Vargas foi o grande nome da temporada de seleções em 2023. A oposta nascida em Cuba estreou pela Turquia e ajudou a mudar o patamar do time dirigido por Daniele Santarelli. Neste domingo (22/10), o site Volley News publicou uma entrevista com a jogadora do Tianjin, da China, de apenas 24 anos.

Na conversa, Vargas fala sobre o início em Cuba, o processo de naturalização, que tinha a Sérvia como outra interessada, detalha a temporada brilhante com a seleção turca e deixa no ar uma dúvida sobre a volta ao Fenerbahce após o término do Campeonato Chinês.

Nas últimas semanas, foi noticiada uma questão de data de inscrição, algo que poderia impedir um retorno de Vargas ao Fener. Confira a entrevista:

INÍCIO EM CUBA

– Quando criança sempre gostei de praticar esportes: joguei beisebol e basquete até os 8 anos, quando descobri o vôlei graças a uma professora que me convidou para experimentar. Já no primeiro treinamento me apaixonei e à medida que fui aprendendo sobre ela fiquei cada vez mais entusiasmada. Depois, aos 12 anos, deixei Cienfuegos, minha cidade, para me mudar para Havana e ingressar na seleção cubana. Melhorei muito rapidamente, então aos 13 tive a oportunidade de estrear na seleção principal.

IDA DE VARGAS PARA A EUROPA COM 16 ANOS

– Naquela temporada eu deveria ir para Uralochka, na Rússia, mas de repente a Federação Cubana decidiu me enviar para a República Tcheca. Era um período em que a federação decidia tudo, até onde seus jogadores jogariam. No final, fui para Prostejov, acompanhada da minha mãe: tê-la ao meu lado durante a minha primeira experiência no exterior tornou tudo mais fácil. No final da temporada em Prostejov comecei a ter problemas nos ombros e foi necessária uma operação. Para mim foi um período muito complicado porque não recebi o apoio adequado da Federação Cubana. Então, depois de me recusar a fazer um período de treino com a seleção, fui suspensa por quatro anos. Além disso, não tive permissão para sair do país. Foi uma sorte que pouco depois a SB Community (agência esportiva) me contactou e me ajudou tanto na minha reabilitação como no processo de pôr fim à suspensão. Graças à ajuda deles, depois de um ano e meio, finalmente estava livre. Assim que recebemos o passaporte, eu e minha família saímos de Cuba para ir para Belgrado, onde comecei a treinar individualmente. Enquanto isso, assinei meu primeiro contrato com o Volero Zurich.

TEMPORADA DE CLUBES VITORIOSA EM 2022/2023

– Como alguém que gosta de competir e quer sempre vencer, estou muito feliz com estes resultados. Acho gratificante saber que o trabalho duro sempre compensa. E na temporada passada trabalhamos muito. A única falha é não ter chegado à final da Champions com o Fenerbahce. Lutamos até o fim e sem dúvida demos tudo de nós. É sempre possível fazer melhor, mas tento aprender tanto com as vitórias quanto com as derrotas.

NATURALIZAÇÃO TURCA

– Queria fazer parte de uma seleção nacional forte para poder participar de grandes torneios internacionais. Sempre foi meu sonho disputar essas competições. Inicialmente fui procurada pela Federação Sérvia, mas o processo decorreu lentamente e não foi acompanhado de forma profissional. Então, com o passar do tempo, escolhi a Turquia, também porque lá jogava naquele período. A Federação Turca preencheu rapidamente toda a documentação necessária. Sou muito grata pelo que ela fez.

A ESPERA DURANTE A “QUARENTENA” IMPOSTA PELA FIVB

– Tive de esperar dois anos antes de jogar pela seleção nacional. E eu me preparei para o que me esperava. Queria estar em forma para ajudar a equipe a atingir os seus objetivos: trabalhei duro para atingir a condição física ideal e melhorar as minhas capacidades, pois sabia que, se não estivesse no meu melhor, seria difícil enfrentar uma temporada internacional depois daquela com os clubes. Por isso, procurei aproveitar todo o tempo disponível para trabalhar o crescimento individual. Ao fazer isso, ao atingir uma meta, você não pode deixar de sentir uma sensação de imensa felicidade e ter o incentivo para almejar o próximo passo.

TÍTULOS DA VNL E DO EUROPEU

– É claro que estou extremamente feliz e satisfeita com os resultados que alcançamos. Estivemos envolvidas em diversas frentes, mas atingimos todos os nossos objetivos. As atuações deste verão me encheram de orgulho, tal como o fato de termos provado ser um grupo muito unido.

TEMPORADA COMEÇA NO TIANJIN

– Eu me sinto bem lá por vários motivos. As pessoas que trabalham no clube, os funcionários e as jogadoras são muito gentis e amigáveis.? Desde o primeiro dia me receberam de braços abertos. Samantha, minha intérprete, me ajuda em tudo que preciso. No geral, encontrei uma equipe que tem uma ótima ética de trabalho e dá tudo de si em cada treinamento. Graças a eles melhorei muito. E depois gosto de conhecer novas culturas e aprender coisas novas: vejo isso como uma forma de crescer como pessoa também.

VARGAS VOLTARÁ AO FENER NA SEQUÊNCIA?

– No momento meu objetivo é trabalhar muito e vencer as competições que irei disputar com o Tianjin. Terminada a temporada na China, descobrirei meu próximo destino.