Está chegando a hora dos cortes para os Jogos de Tóquio. Eu já vivi os dois lados: fui cortada e sobrevivi a eles. Independentemente do resultado na VNL – as semifinais acontecem nesta quinta-feira – conseguimos o que queríamos: demos uma cara à Seleção. Veja aqui os jogos da Liga das Nações que serão transmitidos pelo SporTV.
Sobre o corte que vai acontecer nos próximos dias antes do embarque para Tóquio, confesso que ainda tenho dúvidas no feminino. Dani Lins ou Roberta no banco da Macris? 3 ou 4 centrais? Sheilla, Lorenne ou Ana Cristina? Acho que 10 estão dentro: Macris, Tandara, Carol, Gattaz, Bia, Gabi, Garay, Natália, Rosamaria e Camila Brait. Falta uma oposta/ponteira e a levantadora reserva. Ou mesmo uma quarta central. Não sabemos o que o Zé vai decidir.
Quero falar sobre o peso que cai nos ombros dos atletas num momento como esse. Não é fácil treinar sabendo que você pode ser cortado. Se eu pudesse dar um conselho é: treine com alegria e entregue tudo em cada bola. Só dê o seu melhor.
Não veja o companheiro do lado como ameaça ou concorrente para Tóquio. Até porque ele não é. Você é o seu maior concorrente.
No final das contas, a briga é entre o você de ontem com o você de hoje. Cada vez que você se supera é uma vitória pessoal. Se você vai ficar ou não no grupo é uma decisão que já não depende mais de você. Faça o seu melhor. Se não tiver de ser, não vai ser. Mas, o aprendizado do processo fica. E esse é o mais importante.
De repente, o corte te fará crescer de uma forma que certamente você não cresceria se a situação fosse outra. Isso aconteceu comigo, quando fui cortada da Seleção que se preparava para Barcelona-1992 porque a qualidade do meu passe não era suficiente para estar no grupo.
Doeu? Demais. Questionei meu futuro como atleta? Sim. Achei que não era boa o suficiente? Algumas vezes. Foi injusto? Não. Foi necessário? Muito. Passaria por isso de novo? Sem pensar duas vezes.
Porque me tornei uma ponteira-passadora infinitamente melhor depois disso e fui a três olimpíadas consecutivas por conta do amadurecimento que eu tive depois daquele corte. Tudo tem um propósito. O que não é benção, vem pra ensinar!
Bora torcer, que hoje tem Brasil x Japão, 11h, valendo vaga na final. Faltam menos de 30 dias para Tóquio!
Virna é duas vezes medalhista de bronze em Olimpíadas – Atlanta-1996 e Sydney2000 – e escreve como colunista convidada do Web Vôlei.