Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996 e Sidney 2000, Virna conhece como poucos a Seleção Brasileira. Animada com o ciclo olímpico que se inicia com foco em Los Angeles 2028, a ex-ponteira vê com boas expectativas a geração atual em processo de renovação, liderada por Gabi.
A ponteira do Conegliano, que completou 31 anos nesta semana, é referência não só dentro, mas fora de quadra, na visão de Virna. Além disso, Ana Cristina, do Fenerbahçe, encabeça uma lista de promessas da Seleção Brasileira comandada por José Roberto Guimarães e encanta a ex-jogadora.
– A gente está com uma seleção renovada. Sou muito fã da Gabi. Não só como jogadora, mas como pessoa. É uma menina de ouro. Vejo muito potencial na Ana Cristina, tive a oportunidade de jogar com a mãe dela no Flamengo. Torço muito pela Seleção. É uma fase de renovação. O estilo do vôlei mudou muito, hoje é de muita força, altura. Temos muitas meninas novas. O Zé tem um time com muitas promessas, meninas com potencial. Precisa trabalhar, adquirir experiência internacional, rodar, porque lá fora é diferente. Quando pega aqueles bloqueios de três metros de altura, é diferente para virar – comentou Virna, ao quadro Abre Aspas, do “ge”.
Virna, hoje com 53 anos, aposentou-se do vôlei de quadra há cerca de 20 anos. Pouco depois, teve uma rápida experiência na areia, mas desistiu de vez em 2010. Hoje, ela admite que só um clube a convenceria a ser técnica.
– Eu acho que a maternidade, pelo menos, no meu caso. Demanda muito. Agora, vou falar para você, se o Flamengo chegasse para mim um dia e falasse: “Quer ser técnica, Virna?”. A história muda. O Manto Sagrado é diferente. Esses dias eu fui lá no museu, entrei com meus filhos e dois amiguinhos da escola deles, e tinham 70 crianças lendo minha história na telinha. Eu fiquei tão emocionada. Olha o que represento para essa geração? A gente não tem a dimensão. Quando eles viram que era eu, parou o museu. “Tia, tira uma foto”. Meu Deus, deixei um legado. Meus filhos ficaram orgulhosos de saber que a mãe deles está no museu, que foi camisa 10, que estavam lendo a história da mãe deles. Esse legado que o esporte deixa é muito legal.
Veja outros pontos da entrevista com Virna
O que faz atualmente?
– Eu adoro palestrar. Faço muitas palestras motivacionais em empresa, levo o mundo esportivo ao mundo corporativo. São experiências maravilhosas, principalmente quando o público é feminino. Nós somos muito facetadas. Tem muitas mulheres que levam essa culpa, se ausentam dentro de casa devido à carga horária do serviço. O esporte me ensinou isso. Eu abri mão da maternidade em busca de ser uma jogadora de vôlei. Hoje, sou avó, minha netinha nasceu há quatro meses. Foi o maior presente que Deus me deu. Mesmo quando naquela maternidade ausente, eu era uma mãe presente quando podia. Nunca levei essa culpa comigo. Sentia saudade, dor… mas quando vejo minha neta é outro pedacinho de mim dentro de mim. São sentimentos muito fortes que a vida me ensinou.
Críticas sobre Mari após a virada sofrida em Atenas 2004
– Eu acho que cobraram muito da Mari. Ela era uma jogadora muito inexperiente e estava arrebentando. Ficaram questionando… Se eu fosse a levantadora, eu levantaria para ela, a Mari estava virando tudo. Crucificaram muito ela, não merecia aquela cobrança árdua, e sim, a gente, as mais velhas. A gente tinha essa reponsabilidade. A Mari estava levando o time nas costas, fez 30 ou 31 pontos. O brasileiro é assim: quando ganhou é a melhor, quando perde, acabam com você. Naquela época não existia esse cancelamento do mundo virtual que tem hoje. Imagina se isso fosse hoje? A coitada não ia andar na rua.
Melhor jogadora de vôlei da história do Brasil
– Márcia Fu e Fernanda Venturini. A Fu era craque, jogava na ponta, no meio, na saída. Se tivesse que levantar, ela levantava. Era muito corajosa, não tinha medo. Ela enfrentava. Toda a loucura dela de comportamento… era diferenciada. A Fernanda brincava de jogar vôlei, não suava. Eu saía toda roxa, machucada, e ela com aquela plasticidade de jogadora.