A Federação Internacional (FIVB) e a Volleyball World têm uma obrigação para a edição de 2023 da Liga das Nações (VNL): acabar com o benefício exagerado ao país-sede da fase final.
A primeira experiência (espero que a última) já se mostrou um erro. Neste domingo, com o encerramento da fase de classificação da VNL feminina, fica mais fácil provar com números a tese.
A Turquia foi a sétima colocada, com 23 pontos conquistados, após sete vitórias e cinco derrotas, com 28 sets pró e 18 contra. Como Ankara receberá os oito finalistas, a seleção da casa foi catapultada para o primeiro lugar e terá a vantagem de enfrentar a Tailândia, oitava colocada. Ou seja: os dois piores classificados disputarão uma vaga na semi em 2022. Esportivamente isso não tem qualquer nexo.
Injusto com os Estados Unidos, dono de uma campanha quase perfeita: 11 vitórias, um mísero revés e apenas sete sets cedidos aos adversários. Também é injusto com o Brasil e com a Itália (dez vitórias e duas derrotas cada), com China, Japão e Sérvia, todos eles com oito triunfos em 12 jogos. A regra é quase uma punição para quem esportivamente foi melhor e mais competente.
Eu até aceito o país-sede das finais ter vaga garantida entre os oito, desde que ele seja ranqueado para o emparceiramento das quartas de final na posição original, a conquistada em quadra por ele. Ou seja: a Turquia deveria estar na chave como sétima colocada. E pagaria o preço de pegar um adversário mais forte por não ter feito uma campanha tão boa.
Apenas a segunda parte do regulamento da atual VNL é mais aceitável: se o país-sede ficar de nono para baixo na classificação, ele entra como o oitavo na fase final. Engulo o argumento de a torcida local ter um “estímulo extra” para acompanhar no ginásio, de a organização custar alguns milhões de reais e assim precisar de uma forma de “recuperar” o investimento.
PS: A opinião seria a mesma caso a final da VNL feminina de 2022 acontecesse em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas ou Descalvado, com o tal benefício para o Brasil.
Por Daniel Bortoletto