Fã assumido de tênis, o técnico José Roberto Guimarães participou do podcast “O Quinto Set”, dedicado ao esporte e apresentado por Fernando Nardini e Fernando Meligeni. Ao ser questionado sobre quem seria a Maria Esther Bueno, lenda do tênis, no voleibol nacional, Zé não teve dúvidas ao citar a maior estrela do vôlei brasileiro na atualidade.
– Eu fico na Gabi. A Maria Esther Bueno foi uma jogadora tecnicamente muito boa para o período em que jogou, além de ter uma raça incrível, uma vontade de fazer. Foi o nosso maior expoente para o tênis marcou época e marca até hoje – comentou o treinador da Seleção Brasileira, lembrando que a capitã da Seleção Brasileira praticou o tênis antes de se dedicar ao vôlei.
Na brincadeira proposta por Meligeni, Zé associou Aryna Sabalenka com Sheilla, Iga Świątek com Fernanda Garay, Elena Rybakina com Thaísa, e Bia Haddad com Natália.
Zé Roberto também falou sobre sua atual relação com a Seleção. O comandante explicou por que optou por seguir no comando, de olho nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. Antes, no entanto, ele tentará alcançar dois sonhos em 2025:
– (Acredito que vencer) O Campeonato Mundial deste ano, que acho benéfico ser agora a cada dois anos. Nunca ganhamos, assim como a VNL. São os dois principais campeonatos que teremos esse ano – afirmou o tricampeão olímpico, lembrando de como tomou a decisão de seguir no cargo por mais um ciclo olímpico.
– O problema todo é o resultado. Eu não sabia o que ia acontecer. A geração é legal, as meninas são altas e talentosas, também. Acabaram as Olimpíadas e eu me despedi delas, mas eu recebi tantos comentários para seguir, inclusive do Radamés Lattari (presidente da CBV), que pensei: “Quer saber? Vai ser legal!”, até porque tinha mais um ano de contrato na Turquia – acrescentou.
Mais respostas de Zé Roberto
O que te move?
Gostaria de ser tetra (campeão olímpico), mas o que realmente me motiva é representar 220 milhões de pessoas. Quando eu era garoto, nunca fui um jogador talentoso, sempre precisei treinar mais do que os outros. O que me fez seguir em frente foi perceber que eu precisava sofrer mais e continuar treinando quando os jogadores talentosos paravam. Fui cortado várias vezes, mas isso nunca me desanimou. Pelo contrário, me motivava ainda mais. Eu pensava: “Estou no mundo do vôlei e vou sair daqui, onde sempre quis estar, enfrentando grandes adversários!” Não quero morrer de novo, e me refiro a isso como quando você morre como jogador e depois como técnico. É perigoso cair nesse ciclo, onde você perde sua motivação e identidade.
O que faz um treinador ser de ponta?
É o todo: uma mistura de paixão e o gosto por ensinar. O fato de você ensinar, observar o movimento, explicar por que vai fazer de um jeito ou de outro, como você cobra, como idealiza seu time e como se comunica com as atletas. Tudo isso envolve o sentimento que você tem pelo jogo e as dificuldades que traz da vida.
Eu venho de uma escola de Bebeto de Freitas, que foi um cara tecnicamente muito bom, e tive a oportunidade de trabalhar com ele por dois anos. Aprendi qual era o raciocínio tático dele e tentei seguir a filosofia dele, mas também com o que vejo do vôlei de hoje. Tem que ser uma mescla de tudo, mas é igualmente importante a forma como você passa isso.
A mecânica tem que ser perfeita, a alavanca tem que ser perfeita. Não podemos ignorar o erro e deixar para lá. Por exemplo, o saque de Vargas, que chega a 110, 112 km/h, é muito forte no vôlei feminino. No masculino, o saque mais forte chega a 132 km/h, e ela tem uma alavanca excepcional.
É preciso analisar cada detalhe do movimento: o momento da saída do salto, como ela bate, onde ela bate. Nos detalhes estão as diferenças. Um cotovelo um pouco mais aberto, variações nas alavancas de cada pessoa… precisamos usar o melhor de cada atleta para alcançar a perfeição do movimento.
Convivência há anos com mulheres
Tenho convivido tanto com mulheres que, de certa forma, sou o único técnico do mundo que vai ao ginecologista. Mas isso é verdade, pois as mulheres são hormônios em ebulição. Por exemplo, perguntei sobre a TPM para entender melhor como devo agir com elas. E isso é fundamental para melhorar a performance, pois leva a um melhor entendimento do comportamento e das necessidades das atletas. Tudo convergiu para eu melhorar, incluindo muitas conversas com elas sobre erros e acertos. Existem coisas das quais não podemos abrir mão, e a disciplina é uma delas.