O tricampeão olímpico José Roberto Guimarães viveu momentos de emoção nesta quinta-feira (21/9), em Tóquio, no Japão, dia sem jogos do Pré-Olímpico. O técnico da Seleção feminina recebeu um convite para visitar Toshie Matsudaira, de 91 anos, viúva do lendário treinador japonês, Yasutaka Matsudaira. Zé tem no comandante do Japão na conquista do ouro nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, uma das referências na carreira.
Na década de 70, o brasileiro participou de um estágio de treinamento de 40 dias com o técnico, no Japão, e estabeleceu uma relação de amizade que permaneceu ao longo dos anos. Matsudaira faleceu em 2011, mas os ensinamentos continuam com o tricampeão olímpico. O encontro com Toshie Matsudaira foi emocionante para ambas as partes. A ex-jogadora Yuko Arikada, campeã olímpica com o Japão em 1976, intermediou o momento.
– Nossa amizade ficou muito forte e todas as vezes que eu vinha no Japão com a seleção masculina e depois a feminina, o Matsudaira sempre fazia questão de estar presente. Depois que ele faleceu, sua esposa manteve a tradição e foi nos meus jogos. Ela sempre ia nas partidas e me cumprimentava. Eu ficava muito feliz e só tenho agradecimentos pelo que o Matsudaira e o voleibol japonês fizeram por mim. Quando recebi a mensagem que a senhora Matsudaira queria me receber na sua casa fiquei muito honrado. Foi um momento lindo e de muita emoção – diz Zé Roberto, que nunca esqueceu os ensinamentos do técnico japonês.
– Ele me ensinou o esforço sem limite. A persistência, o nunca desistir, o ir até a última bola e que os sacrifícios fazem diferença no resultado. O mais importante é que você saia da quadra com a cabeça que você fez o melhor. O voleibol é muita repetição, muito treinamento e coletividade”, afirma.
O primeiro encontro entre José Roberto Guimarães e Matsudaira aconteceu no início da década de 70 em São Caetano do Sul.
– O Matsudaira foi dar um curso para treinadores no Brasil. Eles recrutavam jogadores jovens para participar. Eu estava na faculdade e fui um dos convidados. Sempre fui um fã incondicional do voleibol japonês. Eu era muito fã do Nekoda, levantador japonês que foi campeão olímpico em 1972. Comecei a conhecer o voleibol japonês nessa época. O Matsudaira falou que eu parecia o Nekoda. Isso para mim foi a glória. Eu tentava imitar os gestos e postura dele no levantamento. Nesse momento pensei que eu poderia ir para o Japão – lembra.
O treinador brasileiro falou com Antônio Carlos Moreno, jogador do seu time em Santo André e amigo de Mastudaira, que gostaria de fazer um estágio com o lendário treinador japonês. Moreno fez a ponte e o convite aconteceu.
– O Matsudaira me convidou para passar um período no Japão. Nesse momento minha vida começa a mudar. A CBV decide mandar mais quatro jogadores brasileiros para o Japão, William, Danilas, Fernandão e Bebeto. O Santo André, time de São Paulo, manda mais um jogador, o Mané, e viemos nós seis para o Japão. Passamos 40 dias treinando, na universidade, e com a seleção japonesa. Eu treinei ao lado do meu ídolo, o Nekoda – conta Zé Roberto.
– O Japão era naquela época o melhor time do mundo. O sonho do Matsudaira era que o voleibol superasse o futebol e se tornasse um esporte mundial. Nós seguimos batalhando para isso.